segunda-feira, 21 de setembro de 2009

FESTA DAS TROMBETAS

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FESTA DAS TROMBETAS
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O primeiro ciclo é o "ciclo da criação" ou o "ciclo das bênçãos". No plano original de Deus, cada Festa das Trombetas era para começar um novo ano de paz, saúde, alegria e provisão de Deus, em sua presença. Surgiu, porém, um problema quando o pecado entrou no mundo.

O pecado nos levou para fora do ciclo das bênçãos de Deus, para dentro de um ciclo de pecado e morte. No ciclo de pecado e morte, o novo ano não mais trouxe paz, saúde, alegria, nem a provisão de Deus. Agora cada ano novo passou a trazer mais medo, perdas, enfermidades e morte.

Então Deus deu início a um NOVO ciclo, o "Ciclo da Redenção". Este ciclo começa na Páscoa, seis meses antes. Ao instituir a Páscoa, disse Deus: "Agora este será o início dos meses".

O Ciclo da Redenção nos resgata dos efeitos do pecado e nos restaura ao plano original de Deus. Celebramos a redenção de Deus na Páscoa, e a sua provisão no Pentecostes. Afirmamos a nossa libertação das mãos do inimigo e recebemos novamente o poder e a revelação de Deus. Quando o Ciclo da Redenção termina, uma porta é aberta para recebermos todas as bênçãos que havíamos perdido.

O toque da trombeta no Rosh Hashanah é o sinal para sairmos do velho ciclo e entrarmos na presença de Deus. O sétimo mês no ciclo da redenção torna-se o primeiro mês, o "princípio do ano", num novo ano de bênçãos!

Contagem Regressiva para o Reavivamento

As festas que se iniciam no sétimo mês foram dadas para criar um caminho para a glória de Deus. Em quatro passos, elas nos dão a contagem regressiva para nos levar à sua presença:

• A Festa das Trombetas - um toque de despertar.

• Os Dias de Temor a Deus - um tempo para buscá-lo.

• Dia da Expiação - um dia para ser restaurado.

• A Festa dos Tabernáculos - uma semana para vivenciarmos a glória de Deus.

Estas festas sempre foram importantes, mas creio que a de Tabernáculos é uma festa-chave para a Igreja de hoje. Vivemos dias em que Deus quer aproximar-nos mais da sua presença, como nunca antes. E tempo de serem derramados sobre nós o seu poder e as suas bênçãos. Deus quer que tenhamos uma experiência com a sua GLÓRIA.

As festas que se iniciam no sétimo mês fornecem o modo pelo qual todo indivíduo ou nação pode alcançar o avivamento. Deus estabeleceu o seu calendário para nos levar todo ano, através dessa contagem regressiva, para mais perto, cada vez mais, da sua presença.

O ponto de partida é a Festa das Trombetas. Deus nos deu um mandamento para essa festa: todo o seu povo deve ouvir um toque de trombeta! O soar da trombeta é um toque de despertar! O nome hebraico dessa festa, Yom Teruah, significa "dia do toque de despertar"!

Às vezes precisamos ouvir um toque para que acordemos! Precisamos ser despertados para ficarmos alerta. Precisamos ser chamados para entrarmos no novo tempo que se inicia.

Um toque de despertar quase sempre vem antes de um avivamento. Isso é verdade tanto para NAÇÕES como para PESSOAS. Muitos ouviram falar do avivamento que aconteceu na Argentina. Nos anos 90 muitos de nós vibramos com as coisas maravilhosas que o Espírito estava fazendo naquela nação.

Mas o avivamento argentino não veio sem um toque de despertar. A Argentina tinha sofrido uma derrota desoladora na guerra das Ilhas Malvinas, seguida de um colapso total em sua economia. Alarmados com a desolação que tinha atingido a nação, pastores e líderes cristãos começaram a reunir-se, orando fervorosamente para que Deus fizesse algo em seu país. No meio àquele fervoroso clamor, feito em unidade, O ESPÍRITO SANTO FOI DERRAMADO!

A Guerra das Ilhas Malvinas foi um toque de despertar para a nação argentina. Muitas vezes um desastre ou um colapso econômico faz com que o povo busque a Deus, resultando num avivamento. Isso é verdade tanto para indivíduos como para nações.

Entretanto, para que desfrutemos a presença de Deus, não é da sua vontade que fiquemos esperando que um desastre nos atinja. Deus estabeleceu um toque de despertar menos doloroso: o soar do chifre do cordeiro! Alguma vez você se sobressaltou com o som do soar de uma trombeta? Ele faz com que algo aconteça dentro de você. Você acorda! Deus projetou que o som da trombeta penetre em nossa alma e desperte a nossa atenção!

A Festa das Trombetas tem o propósito de ser o momento para que o som da trombeta desperte o seu espírito. Ao ouvir o soar da trombeta, peça a Deus que lhe mostre o que, em sua vida, possa estar impedindo que a obra do Senhor ocorra em você!

Contagem Regressiva para o Reavivamento

As festas que se iniciam no sétimo mês foram dadas para criar um caminho para a glória de Deus. Em quatro passos, elas nos dão a contagem regressiva para nos levar à sua presença:

• A Festa das Trombetas - um toque de despertar.

• Os Dias de Temor a Deus - um tempo para buscá-lo.

• Dia da Expiação - um dia para ser restaurado.

• A Festa dos Tabernáculos - uma semana para vivenciarmos a glória de Deus.

Estas festas sempre foram importantes, mas creio que a de Tabernáculos é uma festa-chave para a Igreja de hoje. Vivemos dias em que Deus quer aproximar-nos mais da sua presença, como nunca antes. E tempo de serem derramados sobre nós o seu poder e as suas bênçãos. Deus quer que tenhamos uma experiência com a sua GLÓRIA.

As festas que se iniciam no sétimo mês fornecem o modo pelo qual todo indivíduo ou nação pode alcançar o avivamento. Deus estabeleceu o seu calendário para nos levar todo ano, através dessa contagem regressiva, para mais perto, cada vez mais, da sua presença.

O ponto de partida é a Festa das Trombetas. Deus nos deu um mandamento para essa festa: Todo o seu povo deve ouvir um toque de trombeta! O soar da trombeta é um toque de despertar! O nome hebraico dessa festa, Yom Teruah, significa "dia do toque de despertar"!

Às vezes precisamos ouvir um toque para que acordemos! Precisamos ser despertados para ficarmos alerta. Precisamos ser chamados para entrarmos no novo tempo que se inicia.

Um toque de despertar quase sempre vem antes de um avivamento. Isso é verdade tanto para NAÇÕES como para PESSOAS. Muitos ouviram falar do avivamento que aconteceu na Argentina. Nos anos 90 muitos de nós vibramos com as coisas maravilhosas que o Espírito estava fazendo naquela nação.

Mas o avivamento argentino não veio sem um toque de despertar. A Argentina tinha sofrido uma derrota desoladora na guerra das Ilhas Malvinas, seguida de um colapso total em sua economia. Alarmados com a desolação que tinha atingido a nação, pastores e líderes cristãos começaram a reunir-se, orando fervorosamente para que Deus fizesse algo em seu país. No meio àquele fervoroso clamor, feito em unidade, O ESPÍRITO SANTO FOI DERRAMADO!

A Guerra das Ilhas Malvinas foi um toque de despertar para a nação argentina. Muitas vezes um desastre ou um colapso econômico faz com que o povo busque a Deus, resultando num avivamento. Isso é verdade tanto para indivíduos como para nações.

Entretanto, para que desfrutemos a presença de Deus, não é da sua vontade que fiquemos esperando que um desastre nos atinja. Deus estabeleceu um toque de despertar menos doloroso: o soar do chifre do cordeiro! Alguma vez você se sobressaltou com o som do soar de uma trombeta? Ele faz com que algo aconteça dentro de você. Você acorda! Deus projetou que o som da trombeta penetre em nossa alma e desperte a nossa atenção!

A Festa das Trombetas tem o propósito de ser o momento para que o som da trombeta desperte o seu espírito. Ao ouvir o soar da trombeta, peça a Deus que lhe mostre o que, em sua vida, possa estar impedindo que a obra do Senhor ocorra em você!

Dias de Temor!

Os dez dias após o soar das Trombetas são referidos como "dias de aflição" ou "Dias de Temor". Também são chamados "Teshõvâ". Teshüvâ é uma palavra hebraica que significa "voltar-se", "retornar". Significa, assim, “arrependimento"; mas é uma palavra que também tem o sentido de "tempo de primavera".

Quando Deus lhe dá um toque de despertar, é tempo de dar meia volta, deixando tudo que esteja impedindo o seu caminhar com Deus. É tempo de voltar-se para Deus!

Através desses dias de arrependimento, entramos numa nova estação em nossa vida! É a hora de termos a liberação imediata da vida e das bênçãos que provêm de Deus.

Você pode ter iniciado o ano anterior bem próximo de Deus, mas terminou sendo "levado pela corrente", desviando-se do curso que deveria ter seguido. Talvez você tenha negligenciado compromissos-chave com o Senhor. Talvez você tenha sido enlaçado pelo pecado.

Quando a trombeta soar, alertando-o, é tempo de dar meia volta e retornar. É tempo de aproximar-se de Deus e obter uma completa restauração.

Esse período de dez dias é parte da contagem regressiva que o levará para a glória de Deus. Se você ouviu o soar da trombeta, algo despertou em seu espírito. A resposta deve ser um tempo para buscar o Senhor seriamente. Aqui está o que se deve fazer durante os Dias de Temor:

1. Louve a Deus e Leia a Sua Palavra!

É importante, durante esse período, passar mais tempo a sós com Deus. Abra o seu coração ao Senhor e louve-o. Dê um tempo para ler a Palavra e nela meditar.

Conquanto seja sempre importante buscar a Deus e passar algum tempo com ele, os Dias de Temor são dias, estabelecidos por Deus, em que o Espírito fica de prontidão para encontrar-se conosco de uma maneira fora do normal.

Um versículo-chave para os Dias de Temor é:

"Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração" (Jr. 29:12-13).

No Novo Testamento, o versículo equivalente é Tiago 4:8: "Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós outros".

Deus diz que, se nos aproximarmos dEle, se o buscarmos de todo o nosso coração, Ele se achegará a nós! Há horas em que buscar a Deus deve ser a nossa prioridade mais importante! No transcurso do ano, muitos crentes conseguem passar quem sabe uns vinte minutos por dia com o Senhor, fazendo uma curta oração e lendo alguns versículos das Escrituras. Embora esse procedimento não seja uma receita que se possa indicar para se alcançar saúde espiritual, agindo assim dará à pessoa condições de "fazê-la sobreviver", em meio a seus múltiplos compromissos.

Mas precisamos passar mais tempo com o Senhor, de modo a abrirmos o nosso coração a Ele e termos o coração dele aberto para nós. Tal é o propósito desses dias!

2. Deixe que Deus lhe Revele os Velhos Ciclos!

Enquanto você estiver passando um tempo em comunhão com Deus e meditando na Palavra, peça a ELE que lhe mostre os ciclos de destruição que ainda estejam em sua vida.

Você se sente preso a dívidas, a enfermidades ou a perdas, das quais não consegue se libertar? Você acha que o seu coração se esfriou, e você não se sente tão perto de Deus como antes se sentia? Se Deus lhe mostrar velhos ciclos em sua vida, peça a ELE que lhe dê a estratégia para a libertação!

3. Peça a Deus que lhe Revele Todo Pecado em sua Vida

Todos nós temos "pontos cegos", áreas de pecado que não conseguimos ver, dos quais não temos nem mesmo consciência. Essas áreas de pecado impedem o trabalho do Espírito em nossa vida. Assim, durante os Dias de Temor, peça ao Senhor para lhe revelar todo pecado escondido. Quando Deus revela o pecado, ELE também nos dá a graça para vencê-lo.

4. Aproxime-se de Deus!

Deixe Deus avivar o seu espírito e despertar um novo nível de AMOR por ELE em seu coração!

Tendo você diligentemente buscado o Senhor durante os Dias de Temor, então você estará pronto para o DIA DA EXPIAÇÃO.

O Dia da Expiação é o dia em que você deverá colocar todos os seus pecados sob o sangue do Cordeiro, ficando assim totalmente restaurado por Deus, para cumprir os propósitos que ELE tem para você. Isaías 44:22 diz:

"Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi."

Celebrando a Festa das Trombetas

A Festa das Trombetas faz com que você coloque os seus pés no caminho do avivamento. Na Festa das Trombetas, peça a Deus que desperte o seu espírito para buscá-lo. Peça-lhe que o prepare para os Dias de Temor e para o Dia da Expiação! Peça que ELE o leve a uma renovada experiência da GLÓRIA de Deus!

A instrução que Deus nos dá para celebrarmos esta festa é OUVIR o som da trombeta, isto é, do shofar (o chifre do cordeiro). Você pode não entender por que isso é tão importante, mas é! Deus projetou o som do shofar para despertar algo em seu espírito.

Se você conhece uma igreja ou sinagoga messiânica que celebra esta festa, vá e ouça o shofar! Se você não conhece um lugar onde o shofar seja tocado, ouça um CD de sons de shofar!

Ore pedindo que Deus mude o curso da sua vida, ao ouvir o som da trombeta!

Quando você estiver ouvindo o soar da trombeta...

• Liberte-se das velhas formas de obter segurança. Ore: Senhor, que eu tenha a minha segurança em Ti!

• Rompa os velhos hábitos.

• Ore: Senhor, que eu esteja disposto a mudar!

• Arrependa-se das velhas formas de pensar.

Ore: Senhor, que eu venha MUDAR do velho para o novo!

Quando as TROMBETAS soarem... MUDE!

Fonte: "Ciclo de Deus" (Robert D. Heidler) - Ed. Ágape Reconciliação

domingo, 20 de setembro de 2009

A PRESENÇA FEMININA NA GENEALOGIA DE JESUS

A PRESENÇA FEMININA NA GENEALOGIA DE JESUS
INTRODUÇÃO
A presença de nomes femininos na genealogia registrada no evangelho canônico de Mateus é um fato incomum e surpreendente, pois nos registros genealógicos dos livros canônicos normalmente não aparecem o nome das mulheres.
Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria tiveram seus nomes incluídos nessa importante genealogia. Todas foram fortes e venceram suas batalhas pessoais e familiares. Todas sofreram e choraram para cumprir o seu papel de mulher e de ser humano. Com suas vitórias, todas deixaram seus nomes marcados para sempre na história.
A presença dessas mulheres na genealogia de Jesus não é por acaso. Qual foi o propósito do escritor bíblico em registrar esses nomes? Por que razão ele mencionaria essas histórias? Qual a ligação delas com o nascimento de Jesus nesse contexto judaico-cristão na comunidade de Mateus? Nesse caso específico, qual era o objetivo do escritor-evangelista?
PRESENÇA FEMININA NA GENEALOGIA
Certamente, a presença feminina na genealogia de Jesus é um fato incomum. Nas demais genealogias não se encontram nenhuma referência ao nome das mulheres. Sabe-se que as genealogias tinham seu objetivo histórico e até mesmo teológico. Existem algumas razões que podem ser analisadas, no caso da citação do nome de mulheres na genealogia de Jesus pelo escritor-evangelista Mateus.
A primeira seria uma forma de resposta à acusação de que Jesus não era o Messias, porque teria sido fruto de uma união ilegítima. A segunda, a presença de mulheres estrangeiras sinalizaria um princípio de rompimento com o judaísmo e a abertura da missão do messias aos gentios. A terceira seria uma evidencia da importância da presença feminina no movimento de Jesus.
A ACUSAÇÃO DE QUE JESUS NÃO ERA O MESSIAS, POR QUE SERIA FRUTO DE UMA UNIÃO ILEGÍTIMA.
A primeira razão, aqui mencionada, que teria motivado o escritor-evangelista Mateus a citar o nome de mulheres na genealogia de Jesus é que pesava sobre Jesus uma séria acusação. Jesus não poderia ser o Messias, por que seria fruto de uma união ilegítima. Ele era filho de um carpinteiro pobre com uma mulher humilde, que carregava o estigma de alguém que tinha engravidado antes do casamento.
Há uma relação muito forte entre as mulheres citadas na genealogia com a maneira pela qual se deu o nascimento de Jesus. Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba tiveram um relacionamento fora dos padrões morais regulares.
Esse argumento concorda com a afirmação de Saldarini (2000: p.278): “A irregularidade do nascimento de Jesus é preparada pela citação de quatro mulheres na genealogia, todas irregulares de um jeito ou de outro”.
Nessa mesma linha, está o argumento do professor André Chevitarese (2006), quando escreve sobre o maior interesse das comunidades cristãs, a partir dos últimos decênios do primeiro século em diante, pela família de Jesus de Nazaré. Para defender seu ponto de vista, ele apresenta como um dos seus argumentos a teoria, que pode ser assim resumida:
Há dois indícios na literatura cristã que deixam transparecer que algumas comunidades cristãs já conheciam a acusação formulada pelos seus opositores de que Jesus não poderia ser o Messias, na medida que ele seria o resultado de uma união ilegítima, sendo considerado filho da prostituição. Os responsáveis por essa acusação estão do lado de fora dos portões das respectivas comunidades, talvez ainda inseridos no judaísmo.
O primeiro indício ocorre em um diálogo marcado pela tensão crescente entre Jesus e um grupo de judeus. O seu ápice estaria contido na seguinte passagem do Evangelho de João: “[Disse-lhes Jesus]: vós, porém, procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez! Vós fazeis as obras de vosso pai! Disseram-lhe, então: Não nascemos da prostituição, temos um só pai: Deus” (João 8:40-41).
O segundo indício está no capítulo primeiro do evangelho de Mateus. Verifica-se ao longo da genealogia mateana a citação de cinco mulheres, dentre elas, Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo.
A narrativa mateana não deixa dúvida: o elemento comum nas narrativas relativas às vidas das cinco mulheres é a prostituição. Na sua genealogia, Mateus cita cinco mulheres, das quais quatro trazem o estigma da prostituição. É pouco provável que a quinta mulher, Maria, estivesse isenta da tal estigma.
O professor André ainda cita mais três outros textos na literatura do século II, que podem ser usados com referência à acusação da ilegitimidade física de Jesus. O primeiro é o Proto-Evangelho de Tiago. Esse texto deixa claro que algumas comunidades cristãs estavam preparando um material com finalidade de defender a honra de Maria, particularmente no que se refere à sua concepção e ao seu parto virginal. O segundo é o Verdadeiro Discurso, de Celso (datado de 178 D.C.) citado parcialmente na obra de Orígenes, Contra Celso (de 248 D.C.). Nesse texto há o registro de acusações de Celso contra o nascimento ilegítimo de Jesus. O terceiro é Os espetáculos de Tertuliano. É um texto produzido por um cristão do norte da África, em 197 D.C., que recupera a acusação, que ele considera caluniosa, de que Jesus seria filho de uma prostituta.
ROMPIMENTO COM O JUDAÍSMO E A MISSÃO AOS GENTIOS.
Uma outra razão que teria motivado o escritor-evangelista Mateus a citar o nome de mulheres estrangeiras na genealogia de Jesus é que essa citação sinalizaria um princípio de rompimento com o judaísmo e a abertura da missão do messias aos gentios. Tamar foi casada com o filho de Judá quando ele estava distante de sua família, morando com um Adulamita nas terras cananéias. Rute era moabita. Raabe morava em Jericó, cidade destruída por Josué.
Historicamente há um fator que precisa ser observado. O contexto do evangelho de Mateus tem uma profunda ligação com o período pós revolta judaica dos anos 66-73 d.C. Donald Senior (1987) desenvolve muito bem esse argumento, que pode ser assim resumido:
Para o judaísmo, a experiência arrasadora da revolta, incluindo a destruição de Jerusalém e do templo no ano 70 d. C., significou mudança radical na textura de sua vida religiosa. A variedade, que caracterizou o judaísmo pré-70, precisava abrir caminho para uma expressão mais homogeneizada a fim de sobreviver. Os fariseus eram os únicos com suficiente força moral e astúcia para coordenar a sobrevivência judaica. Sob sua liderança, centralizada em Jâmnia, os fariseus construíram o judaísmo na base de estreita fidelidade à lei, enquanto interpretada pelos fariseus.
Esta consolidação de pós-70 significava menos tolerância para grupos marginais do que no período antes da revolução. Movimentos apocalípticos e cristãos eram vistos como enfraquecimento da ortodoxia judaica e, conseqüentemente, como ameaça à sobrevivência. Como resultado, tais grupos foram expulsos das sinagogas durante o último trimestre do século I e os relacionamentos entre a Igreja e a Sinagoga se tornaram cada vez mais antagônicos.
Dessa forma, visto que a identidade de Jesus e as implicações de sua mensagem eram os pontos básicos de tensão entre a Sinagoga e a Igreja e o catalizador definitivo no tocante ao deslocamento da igreja em direção aos gentios, não surpreende que a perspectiva de Mateus seja radicalmente cristológica. Jesus não é somente o proeminente filho de Israel, mas o inaugurador de uma nova época de salvação que se estende a todos os povos.
Os suportes básicos para a perspectiva da missão aos gentios encontram-se em todo o evangelho de Mateus. Assim como pode-se ver no capítulo final, que mostra o estilo de atividade missionária da comunidade de Mateus.
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho ordenado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mateus 28:18-20).
IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA FEMININA NO MOVIMENTO DE JESUS.
A terceira razão que teria motivado o escritor-evangelista Mateus a citar o nome de mulheres na genealogia de Jesus é que esse fato já é uma evidência da importância da presença feminina no movimento de Jesus.
É impressionante como a literatura canônica e não canônica revela uma presença feminina marcante. As mulheres na genealogia são apenas um sinal dessa presença feminina que viria posteriormente. É muito forte a lembrança e o registro de vários nomes: Marta e Maria, amigas de Jesus; Maria Madalena, apóstola da ressurreição e as mulheres anônimas que deixaram sua marca: a mulher Siro-fenícia, a mulher de Samaria, a mulher impura que “roubou” um milagre de Jesus. O movimento de Jesus foi absolutamente revolucionário nesse aspecto da valorização da mulher como ser humano.
Uma das características do movimento de Jesus na Galiléia foi a pregação da igualdade. Jesus pregou a igualdade em todos os sentidos. No movimento de Jesus não há preferência ao homem ou à mulher, mas há uma valorização de ambos. Assim como aconteceu com os pobres, esse nivelamento já colocou a mulher em um lugar muito além de sua realidade para a época.
Dessa forma, pode-se afirmar que a mulher teve um lugar preponderante no ministério de Jesus. O que se pode comprovar no texto de Lucas 8:1-3, onde se lê que várias mulheres participavam ativamente do movimento de Jesus, inclusive prestando assistência com seus bens.
Concordando com esse raciocínio, Elza Tamez (2004,p. 7) afirma:
As mulheres seguidoras de Jesus nos mostram duas coisas importantes: primeiro, Jesus sentiu uma inclinação especial pelos setores marginalizados, como os das mulheres, dos pobres e de todos os que sofrem discriminação; segundo, as mulheres encontraram no movimento de Jesus a esperança de que as coisas poderiam mudar, pois elas sempre haviam sido deixadas de lado.
Pode-se também confirmar essa idéia da valorização da mulher, de forma clara, no evangelho de João. Afirmam alguns que essa visão poderia ser uma resposta ao pensamento das cartas pastorais, que já pretendiam calar as mulheres, num momento que a Igreja se aproximava da possibilidade de receber o apoio do império romano.
Em João 2:5 percebe-se uma mulher (Maria, mãe de Jesus) dando ordens aos serventes (diáconos). João 4 registra um diálogo de Jesus com a mulher samaritana, que reconhece a messianidade de Jesus. Em João 11:27 Marta faz uma importante confissão: “Tu és o Cristo, Filho de Deus”. Em João 12:1-8 Jesus é ungido por Maria (irmã de Marta), o que demonstra a beleza e a profundidade da sensibilidade feminina, que já havia percebido, antes de todos, a morte de Jesus. Somente ela percebeu a necessidade de uma preparação especial do corpo de Jesus. Os discípulos não entenderam o que Maria fez e a criticaram, porém foram exortados por Jesus.
Na crucificação, o evangelho de João relata a presença das mulheres aos pés da cruz (João 19:25-17) e, finalmente em João 20:1-18 pode-se ver com clareza que Jesus aparece primeiro às mulheres e as envia (apóstolas) para que anunciem aos discípulos as boas novas da ressurreição, fato que o apóstolo Paulo não menciona em I Cor. 15:1-8.
O movimento de Jesus é totalmente igualitário, as mulheres só foram sendo excluídas à medida que a igreja se aproximava do estado romano com sua conduta totalmente patriarcal.

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(*) Resumo do artigo apresentado para conclusão do curso de pós-graduação em História do Cristianismo Antigo na UNB - Universidade de Brasília.
postado por João Marcus/Mabel @ 13:41